Dando continuidade à estratégia e dinâmica de preservação e valorização do património cultural de Aveiro, a Câmara Municipal de Aveiro promoveu a recuperação de sete pinturas de iconografia local, pertencentes às coleções do Museu de Aveiro/Santa Joana.
Estas pinturas serão objeto de apresentação pública, no Museu de Aveiro/Santa Joana, como peças do mês, para que todos possam usufruir delas.
Tratam-se de obras que abrangem três tipologias: retrato, costumes e paisagem, que apresentavam acumulação de sujidades, oxidação de vernizes e fragilidades do suporte que dificultavam a sua plena leitura e valorização. Fruto da intervenção de conservação e restauro agora operada por uma empresa da especialidade, as obras podem, agora, ser contempladas em toda a sua plenitude, garantindo-se, simultaneamente, a sua sobrevida.
No retrato, foram tratadas duas pinturas representando figuras ilustres locais, José Estevão e Jaime de Magalhães Lima, pela mão de dois artistas da nossa cidade, José de Pinho, a quem se atribui a figura do grande tribuno, e Francisco Augusto da Silva Rocha, o celebrado mestre da arquitetura Arte Nova que nos legou uma interessante e impressiva imagem do “Escritor, Filosofo e Pensador Jaime Magalhães Lima, Eremita da Quinta de S. Francisco em Eixo – Aveiro”, conforme refere a legenda na moldura da peça.
A grande e célebre tela “A Caldeirada”, de Lauro Corado, natural de Aveiro (n.1908), datada de 1934 e depósito do Museu Nacional de Arte Contemporânea no Museu de Aveiro/Santa Joana, foi igualmente tratada. O autor tomou aveirenses, como Francisco Porfírio da Silva, para ilustrar os personagens que, nas margens da Ria, se reúnem em volta do lume onde se cozinha uma caldeirada, ficando como registo de memória amorável de um mote de encontro, gastronómico, entre os de Aveiro.
Da mão da trancosense Eduarda Lapa, pintora cujo pincel captou eloquentemente Aveiro, e oferecido por António Lebre, um pequeno óleo sobre tela, “Cais das Pirâmides”, o qual ganhou vida com a intervenção realizada, destacando-se o tratamento de pincelada larga mas eficaz dos moliceiros e o grandioso azul do céu que se encontra igualmente na pintura “Costa Nova em Festa”, oferecido ao museu pela família do autor, o celebrado pintor impressionista e paisagista Fausto Sampaio, natural de Anadia. Nesta obra, o ritmo da pincelada encorpada e rica de colorido realça as linhas da paisagem, das embarcações e das figuras, intensificando os reflexos da Ria, constituindo-se como um universo de competência e inovação técnica plena de pormenores de que presentemente podemos fruir plenamente.
Artur Prat, autor das telas “Paisagem do Vouga” (1892) e “Trecho do Vouga” (1902), embora nascido no Brasil (1861), considerava Aveiro, onde residiu e está sepultado, a sua terra natal. Foi um pintor e escultor distinto que nos legou uma obra muito interessante e que urge estudar e valorizar, com especial destaque para a forma como captou as nossas atividades lagunares.