A Exposição Coletiva “Sérgio Godinho e as 40 Ilustrações” está patente até 27 de julho, na Galeria do edifício da Antiga Capitania, em Aveiro.
“Sérgio Godinho e as 40 ilustrações” tem entrada gratuita e pode ser visitada de segunda a sexta das 09.30 às 12.30 horas e das 14.00 às 18.00 horas até 27 de julho.
A exposição integra 40 ilustrações desenhadas por 40 artistas portugueses tendo como ponto de partida letras do músico e compositor Sérgio Godinho. Podem ser apreciados desenhos de diferentes estilos (banda desenhada, desenho gráfico e cartoon).
O desafio foi lançado pela editora Abysmo com o intuito de assinalar os 40 anos de canções de Sérgio Godinho. As ilustrações compõem o livro “Sérgio Godinho e as 40 ilustrações” recentemente lançado pela Abysmo, uma nova editora dirigida por João Paulo Cotrim. As diferentes interpretações podem ser apreciadas na exposição que estará em Aveiro durante o mês de julho.
Sérgio Godinho, no prefácio:
«Ilustrada a música destas quarenta maneiras, percebo agora melhor o que dizem as palavras. A música pura diz tudo sem mostrar nada, e só depois as frases da palavra lhe dão percursos, caras e intenções. Uma canção pronta é indiciada apenas como versão primeira de uma que se irá seguir. Por isso gosto tanto da ideia de versão, onde de repente fica provada a profunda essência plástica de uma melodia e de um verso. É, no limite, uma história sem fim, que se desdobra e se desfia, como o infinito sempre à mão. No caso, a música semeou-se em manchas e riscos, e eu fui descobrindo, atónito, as novas caríssimas versões das minhas inesperadas canções. Sinto-me brindado, e orgulhoso por ser o veículo em que se mostra o ardor criativo da ilustração portuguesa. Em plurais viagens, quarenta porque não há lugar para mais.»
João Paulo Cotrim, no prefácio:
«As boas canções são pedras atiradas à superfície dos nossos dias: perturbam a falsa tranquilidade do reflexo espelhado de céu, mergulham até tocarem os nervos de coral por onde nadam os nossos desejos e os medos de muitas cores, inauguram assim o tsunami que nos fará tremer muitos anos depois. As boas canções são intemporais, mesmo acabadas de gravar têm a maturidade de séculos e falam-nos ao ouvido do único tempo que importa: o presente. Quarenta anos ou mais se podem encontrar em cada canção de Sérgio Godinho, os minutos todos enrolados num novelo, que ora fica na garganta ora nos desce aos punhos, pedras que desatam a série de ondas concêntricas da memória que ainda agora está por nascer. Neste projeto melómano, a data fez-se apenas pretexto, ajudou a encontrar o número exato de olhares a convocar. Os ilustradores também caminham sobre fina camada de gelo, em busca de lugar seguro onde pôr o pé de modo a seguir em frente, vendo para além do nevoeiro, ou seja, iluminando. No íntimo destas letras, e para além das ideias, sobra um caleidoscópio de imagens: um pequeno movimento, suscita outro olhar, e logo nova imagem.»