- Celebração dos 140 anos termina com propostas em diversas áreas: 20 espetáculos; 6 propostas internacionais; 7 estreias nacionais -
Os meses de fevereiro e março serão intensos no Teatro Aveirense, para rematar da melhor forma a celebração dos seus 140 anos e os primeiros passos para o aniversário que se segue, com propostas em diversas áreas e vários nomes de referência. Pedro Abrunhosa, Victor Hugo Pontes, Pedro Penim, Cirkus Cirkör e Fábio Porchat são alguns dos protagonistas destes dois meses, não esquecendo uma publicação de Augusto Brázio, uma instalação do coletivo Suspeito e a estreia de quatro filmes realizados em torno do Teatro Aveirense e que celebram este seu aniversário histórico.
Cinema
A sétima arte vai proporcionar um momento especial na programação destes dois meses. A razão disso está no ciclo ‘À Volta de um Teatro’, uma encomenda do Teatro Aveirense à associação Plano Obrigatório, celebrando os 140 anos através da estreia de quatro curtas-metragens, entre fevereiro e maio, que olham para o Teatro Aveirense e nele penduram histórias. Quatro olhares sobre o mesmo espaço e seus diálogos com o território que o envolve. As duas primeiras podem ser vistas nos dias 15 de fevereiro e 15 de março.
A estes filmes juntam-se as habituais sessões da rubrica ‘Os Filmes das Nossas Terças’, que em fevereiro irão contar com os filmes ‘Correu Tudo Bem’, de François Ozon (dia1), ‘Irmãs de Armas’, de Caroline Fourest, (dia 8), ‘O Perdão’, de Maryam Moghadam e Behtash Sanaeeha (dia 15), e ‘Esquecido’, de Daria Onyshchenko (dia 22).
Novo Circo
O fecho oficial da celebração dos 140 anos do Teatro Aveirense vai acontecer no dia 5 de março, data da sua inauguração em 1881. O espetáculo escolhido para a ocasião é da companhia sueca Cirkus Cirkör, que traz ‘Knitting Peace’ em estreia nacional, a materialização em palco de uma pergunta lançada à Humanidade: será possível tricotar a paz? A partir daqui os intérpretes avançam com uma proposta de mudança do mundo, através da arte, numa sequência de movimentos que tomam o tricot como elemento simbólico e criam momentos raros de beleza cenográfica e acrobática.
Também a Companhia Manolo Alcántara, de Espanha, marcará presença no Teatro Aveirense. Vem apresentar no dia 18 de março o seu espetáculo ‘Déjà – Vu’, que fala sobre a distância entre uma pessoa e os seus sonhos, entre aquilo que é e aquilo que gostaria de ser.
Música
São muitos e ecléticos os destaques na música. Fevereiro verá a passagem de Bonga pelos palcos do Teatro Aveirense, no dia 12 de fevereiro, num concerto integrado no festival ‘Montepio Às Vezes o Amor’. Oportunidade de ver um artista que acaba de celebrar os 50 anos de carreira e uma referência da música africana.
Na música erudita, conte-se com uma atuação dos Vertixe Sonora, coletivo que integra solistas de música contemporânea da Galiza e de Portugal, sendo já uma referência para a última geração internacional de compositores. Trazem a Aveiro a estreia absoluta de obras de Tianyu Zou e Diogo Novo Carvalho, além de música encomendada a Heather B. Frasch e Stefan Beyer. Espetáculo marcado para 17 de fevereiro.
Muito especial promete ser o concerto dos 5ª Punkada, a 18 de fevereiro, uma banda que, recorrendo a instrumentos convencionais e outros adaptados, compõe e interpreta temas originais. Neste ponto, talvez valha a pena dizer que dois dos seus elementos são pessoas com deficiência mental e outras duas com paralisia cerebral - um grupo de desordens no desenvolvimento do controlo motor e da postura que podem originar uma incapacidade motora grave - e que o grupo nasceu no seio da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra.
Num registo mais pop, conte-se com o concerto de Noble, marcado para 19 de fevereiro, que nesta sua primeira digressão acústica apresenta músicas que o público já conhece e algumas novas, entre as quais várias do novo álbum. Para este espetáculo Noble convida a cantora, autora e multi-instrumentalista portuense Gabriela.
Desafiante será também o espetáculo ‘Pastoral 21’, no dia 26 de fevereiro, que junta as composições de Gabriel Prokofiev a um sexteto de cordas. Uma viagem pela música eletrónica e clássica, com referências diretas a Beethoven, que se estreou no prestigiado Festival de Música de Verbier, na Suíça, e fez parte da programação da COPE26, em Glasgow.
Em março o grande destaque vai para o concerto de Pedro Abrunhosa no dia 19 de março, que se apresenta sozinho ao piano, num registo íntimo, próximo e cru. Um espetáculo simbólico onde a escrita recente se intercala com tantos êxitos e onde o público é convidado a participar, interpelando diretamente o artista e a sua arte.
No dia 26 de março é a vez de os Siricaia subirem ao palco. O duo aveirense, constituído por Susie Filipe e Vítor Hugo, termina aqui a digressão do seu primeiro álbum, ‘Família Fandango’, registo que teve o apoio do Teatro Aveirense. Trata-se de um projeto que retrata, através da música, pintura, literatura e vídeo, a vida de uma família tipicamente portuguesa ao longo de quatro gerações. Uma viagem às raízes, a bordo de sonoridades contemporâneas e eletrónicas, desde os ritmos tradicionais portugueses ao jungle swing, com percussões nacionais e guitarra elétrica travestida de cavaquinho.
Para 27 de março fica marcado o concerto Música na Escola 2022 – Concerto de Família, projeto que leva a música a milhares de crianças do 1º Ciclo do Ensino Básico. Uma ação educativa da Orquestra Filarmonia das Beiras que tem como objetivos a divulgação, a sensibilização e a formação do público infantil para a música erudita, dando ênfase à participação das crianças no processo de realização musical através da interação com a orquestra.
Por fim, não podiam faltar as habituais sessões da rubrica Novas Quintas, que no dia 3 de fevereiro trazem Jéssica Pina e no dia 10 de março Filipe Karlsson. A primeira começou cedo na música através do trompete, tendo a sua formação jazzística levado a um convite de Madonna para integrar a MADAME X worldtour. Após essa experiência mundial, Jéssica decidiu regressar a Portugal e investir no seu mais recente EP ‘Vento Novo’, que tem conquistado atuações por várias cidades nacionais e estrangeiras. Já Filipe Karlsson é conhecido pela sua relaxada correria entre as ondas do mar e o estúdio de produção, sendo autor de composições de disco pop despretensiosa, inspiradora e carregada de groove.
Dança
O espetáculo ‘Os Três Irmãos’, de Victor Hugo Pontes, é o grande destaque na área da dança. O coreógrafo coloca em cena três bailarinos imaginados pelo escritor aveirense Gonçalo M. Tavares para esta nova criação, dando corpo a personagens que tentam fazer a sua ligação à terra e sobreviver à existência uns dos outros, mesmo se esta houver sido esburacada a berbequim, enrodilhada numa trouxa de roupa, transportada num carrinho de mão. Música original de Joana Gama e Luís Fernandes. O encontro fica marcado para 11 de fevereiro.
Também ‘Je T’Aime’, de João Costa Espinho, sobe ao palco do Teatro Aveirense. Trata-se de um trabalho que coloca o corpo empático e a relação amorosa em evidência, num ritual que se assume como ponto final de uma relação. Um espetáculo apresentado no âmbito da rubrica Palcos Instáveis Segunda Casa, da Companhia Instável e agendado para o dia 24 de março.
Teatro
Ponto alto na área do teatro é o espetáculo ‘Perfeitos Desconhecidos’, no dia 4 de fevereiro. Tem encenação de Pedro Penim, novo diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, e conta no elenco com nomes como Ana Guiomar, Cláudia Semedo e Sara Barradas. A proposta tem tanta atualidade como engenho, desenrolando-se em torno de um grupo de amigos de longa data que organiza um jantar. A anfitriã propõe um jogo: cada um deixa o telemóvel sobre a mesa e cada mensagem ou chamada que chega é lida e ouvida por todos, porque, afinal, entre amigos não há segredos.
Comédia
Ao humor são dedicados dois espetáculos a não perder. O primeiro acontece no dia 13 de fevereiro, tendo Fábio Porchat como protagonista. O comediante do momento no Brasil, cofundador do colectivo Porta dos Fundos, regressa a Portugal para estrear o seu novo solo de stand-up comedy. Histórias, comédia de observação e humor acutilante serão, por certo, ingredientes presentes para uma noite única.
No dia 3 março conte-se com o espetáculo ‘Paranormal’, um one man show delirante e repleto de ação de Joaquim Monchique, criado a partir de um texto do conhecido ator e dramaturgo brasileiro Miguel Falabella. É a história do Professor Adamastor, vulto maior da paranormalidade, que tem o dom de absorver a energia dos que o rodeiam e encarnar pessoas há muito desaparecidas, mas perde o controlo das ligações deixando as personagens sobrepor-se em catadupa.
Famílias
Conte-se com dois grandes momentos dedicados às famílias em fevereiro e março. O primeiro acontece no dia 20 de fevereiro e tem por título ‘Capuchinho’, uma criação para bebés do Teatro Plage que toma a história do Capuchinho Vermelho para propor uma leitura alternativa a este clássico da literatura infantil.
O segundo momento está marcado para dia 13 de março e chama-se ‘No Escuro’. É uma viagem nascida de uma investigação junto das crianças para descobrir a resposta a várias perguntas sobre o escuro, sempre com a luz ligada. Um espetáculo de Raimundo Cosme e da Plataforma 285 que, entre muitos outros trunfos, conta com a participação de Conan Osiris na escrita do texto e na sonoplastia.
Conversas do Aveirense
O ciclo ‘Conversas do Aveirense – Qual é a Cena’ regressa com duas sessões em fevereiro e março. A presença do espetáculo ‘Os Três Irmãos’, com texto de Gonçalo M. Tavares, dará o mote para a primeira destas mesas-redondas, no dia 12 de fevereiro, numa sessão que terá por título ‘A Escrita Cénica de Gonçalo M. Tavares’. A segunda conversa irá decorrer no dia 26 de março, véspera do Dia Mundial do Teatro, e dará o seu contributo para assinalar a ocasião com o título ‘Cidades e Redes de Cultura’. Estas mesas-redondas têm a curadoria de Jorge Louraço Figueira e exploram a relação entre a programação do Teatro Aveirense e o contexto cultural global, com o objetivo duplo de rever rumos traçados e traçar novos rumos. Entrada gratuita.
À Boca de Cena
Também a rubrica ‘À Boca de Cena’ regressa em fevereiro e março. As sessões destes meses terão por convidados Jorge Palinhos (24 de fevereiro no Teatro Aveirense) e Renata Portas (20 de março no GrETUA), que estarão com o público a ler em voz alta um texto dramatúrgico e a trocar ideias sobre o mesmo. Esta é uma iniciativa realizada em parceria com o GrETUA.
Instalação
Entre 25 de fevereiro e 6 de março o foyer do Teatro Aveirense recebe a instalação ‘Compasso Incerto’, uma criação do coletivo Suspeito que se apresenta como um habitáculo instável tornado objeto sonoro pela ativação do público. A capacidade de equilíbrio e a força de cada utilizador serão as ferramentas que tornarão única a experiência e a composição sonora, num encontro entre o corpo, o movimento, o ritmo e a destreza.
Publicação
No dia 5 de março, data em que o Teatro Aveirense termina oficialmente a celebração dos seus 140 anos, é lançada uma publicação de fotografia de Augusto Brázio que mostra os trabalhos de reabilitação do edifício, que ocorreu em 2021. ‘Fora de Cena’ revela os detalhes, nuances e traços de sete meses de obra que o fotógrafo acompanhou com proximidade.
Neste mesmo período o Teatro Aveirense apresenta o livro ‘Cento e quarenta anos do Teatro Aveirense’, uma publicação que atravessa a história de uma das mais antigas instituições culturais do país, com uma abordagem que se destaca pela sua vertente visual e propõe uma leitura transversal sobre este equipamento, tendo em conta a sua relevância cultural, sociológica e patrimonial.
Laboratório de Dramaturgia
Em fevereiro o Teatro Aveirense dá início aos trabalhos do seu Laboratório de Dramaturgia, iniciativa que se estende até julho e tem orientação dos autores Bruno dos Reis, Jorge Palinhos, Lígia Soares, Maria Sequeira Mendes, Nuno M Cardoso e Rui Pina Coelho.
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