Localização
Freguesia: Vera Cruz
Rua/Lugar: Rossio
Local Original: Não
Identificação
Designação: João Afonso de Aveiro
Data de colocação: 5 de Julho de 1959 – Festas do Milenário de Aveiro
Efeméride: Homenagem ao navegador
Promotor
Nome/Instituição: Ministério das Obras Públicas
Caracterização
Autor: Euclides Vaz
Oficina: Fundição Sá Lemos, Devesas – Vila Nova de Gaia
Materiais: Calcário (pedestal); bronze (estátua e inscrição)
Descrição
Sobre um pedestal de secção quadrangular revestido a calcário surge a figura, de corpo inteiro, em bronze, do navegador aveirense. Da sua mão esquerda pende um astrolábio.
Historial
O monumento dedicado a João Afonso de Aveiro foi oferecido pelo Ministério das Obras Públicas, organismo que deliberou, inclusive, sobre o local da sua implantação. A escolha recairia no Rossio, um dos principais pontos de sociabilidade locais, justificando-se como um contributo para o projetado arranjo paisagístico desse espaço. A sua inauguração, efetuada pelo então Presidente da República, o Almirante Américo Tomás, decorreria no âmbito das Festas do Milenário de Aveiro, em 1959.
O milenário da mais antiga referência escrita, hoje conhecida, ao topónimo de Aveiro — referente à doação (959) de terras e salinas que a Condessa Mumadona Dias aqui possuía — e a passagem do bicentenário da elevação de Aveiro a cidade, por D. José (1759), deram lugar a grandiosas celebrações que incluíram, para além de desfiles etnográficos, saraus culturais e de mostras da atividade comercial e industrial de Aveiro, a inauguração do edifício da lota, bem como da estátua de homenagem ao navegador local.
João Afonso de Aveiro
João Afonso de Aveiro é figura de proa que liga Aveiro à expansão marítima portuguesa. Navegador, dele se desconhecem as datas de nascimento e morte, admitindo-se, no entanto, que possam ter ocorrido c. 1433 e c.1490, respetivamente. Pelo gentílico que ostentava, “de Aveiro”, retira-se a sua origem. É ele um dos aveirenses de que se sabe o nome e participaram nas dinâmicas da expansão portuguesa. Outros são, a título de exemplo: D. João de Albuquerque (1406 ? - 1486), Senhor de Angeja que participou em diversas campanhas do norte de África (a trágica expedição a Tanger, em 1437; a conquista de Alcácer Ceguer, em 1458; e a incursão pelos campos de Benacofú em 1463, etc.); mais tarde, a mítica Antónia Rodrigues, conhecida como a Cavaleira Portuguesa, Amazona de Mazagão e Terror dos Mouros (nascida em Aveiro a 5 de janeiro de 1572, sendo desconhecida a data da sua morte), a mulher que se disfarçou de homem de modo a ter lugar no mundo masculino de conquistas e descobertas. Muitos outros aveirenses terão partido, mar afora, e participado em todo esse processo, desempenhando papéis anónimos, mas não menos importantes.
João Afonso de Aveiro terá participado nas expedições à costa da Mina (1481) ao Rio Zaire e na chegada ao Reino do Congo, estas duas últimas com Diogo Cão. A ele se associa, ainda, a descoberta do Benim (1486), durante algum tempo conhecido por Terras de João Afonso ou de Terras de Afonso de Aveiro, onde estabeleceu uma feitoria, bem como a vinda da primeira pimenta para Lisboa. Terá falecido no Benim que ajudou a conhecer.
“O descobrimento do Golfo da Guiné e do seu comércio tornava necessária a criação de um estabelecimento comercial que servisse não só de placa giratória do trato comercial português, mas também fosse uma base de apoio para a defesa, em terra, das rotas e interesses da coroa.
A região da Mina mostrou-se como o ponto geográfico estratégico para esse fim: de modo a proteger este importante tráfego marítimo, D. João II mandou construir um novo entreposto naquele extenso litoral, complementando a feitoria de Arguim, na ilha do mesmo nome, mandada construir pelo Infante D. Henrique em 1445. Em 11 de dezembro de 1481 largou de Lisboa a expedição de 11 navios – 9 caravelas e 2 urcas – levando a bordo, para além das guarnições, 600 soldados, 100 pedreiros e carpinteiros, além da pedra já talhada, aparelhada e numerada, cal e gesso necessários para a construção da fortaleza.” Para além do Capitão-mor, Diogo de Azambuja, comandavam as caravelas Gonçalo da Fonseca, Rui de Oliveira, João Rodrigues Gante, João Afonso de Aveiro, João de Moura, Diogo Rodrigues Inglês, Bartolomeu Dias, Pêro de Évora e Gomes Aires; os capitães das urcas eram Pero de Sintra e Fernão de Afonso. A 19 de janeiro de 1482 chegaram os navios à costa da Mina e, escolhido o local da construção, iniciou-se o desembarque do pessoal e a descarga dos materiais, dando-se imediatamente início às obras da projetada fortaleza. Concluída a fortificação, Diogo de Azambuja conseguiu estabelecer boas relações com os poderes locais em redor da fortaleza, “[…] e manteve-se como seu capitão-mor, com 60 soldados, mandando regressar as caravelas a Lisboa, com as notícias do bom êxito da missão; as urcas foram queimadas, conforme instruções de D. João II, para reforçar a ideia que os navios de pano redondo não podiam regressar do Golfo da Guiné.” (cfr. PEREIRA, José António Rodrigues [coord.] – História da Marinha Portuguesa: Viagens e Operações Navais 1139-1499. Lisboa: Academia de Marinha. pp. 226-228)
Euclides Vaz (escultor) – Natural de Ílhavo. Foi professor titular de escultura na Escola de Belas Artes de Lisboa entre 1958 e 1985. Ensinou também medalhística, tendo falecido a 10 de fevereiro de 1991 com 75 anos, em Lisboa.
Bibliografia
Correio do Vouga, junho-julho de 1959.
O Litoral, maio-julho de 1959.
CHRISTO, A. (1951), João Afonso de Aveiro. Introdução a um estudo sobre o famoso navegador Aveirense, Arquivo do Distrito de Aveiro, vol. XVII, pp. 3-22.
GASPAR, J. (1983), Aveiro, notas históricas, Aveiro, Câmara Municipal de Aveiro, pp. 51-54.
GASPAR, J. (1997), Aveiro na História, Aveiro, Câmara Municipal de Aveiro, pp. 61-63.
GASPAR, J.; CHRISTO, A. (1986), Calendário Histórico de Aveiro, Aveiro, Câmara Municipal de Aveiro.
NEVES, F. (1957), Naturalidade e família de João Afonso de Aveiro, Navegador e poeta do século XV, Arquivo do Distrito de Aveiro, vol. XXIII, pp. 65-84.
RANGEL DE QUADROS (2000), Aveirenses notáveis. Apontamentos históricos, Aveiro, Câmara Municipal de Aveiro, p. 85-87.
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