Conjuntamente com os trabalhos da Sessão Ordinária de fevereiro da Assembleia Municipal de Aveiro, que teve início no passado dia 29 de fevereiro, está patente nos Passos Perdidos do Edifício Sede deste órgão municipal, uma exposição sobre a Freguesia de Cacia, enquadrada no projeto “As Freguesias vêm à Assembleia”, da responsabilidade da Mesa da Assembleia Municipal, que tem como objetivo dar a conhecer e promover as realidades sociais, económicas, culturais e históricas das Freguesias do Concelho de Aveiro.
A apresentação da Freguesia de Cacia contempla, para além das peças expostas, uma resenha da vertente histórica, cultural, ambiental e social da freguesia, sem esquecer as suas características fundamentais: o seu tecido empresarial e o seu património ambiental, fortemente marcada pelo Rio Vouga e a intrínseca área lagunar.
Cacia tem uma identidade empresarial muito marcante, com forte impacto na área do desenvolvimento industrial e inovação. Exemplos disso são a Portucel, a Bosch, a CACIA-Renault, a Funfrap e um conjunto alargado de empresas de âmbito regional, fortemente consolidadas, e que, num curto espaço de tempo, transformaram uma localidade caracterizada pela forte intensidade do setor primário para um peso significativo no Concelho de Aveiro e na sua região ao nível do setor secundário e terciário.
No uso da palavra, na sessão do plenário da Assembleia Municipal, o Presidente da Junta da Freguesia de Cacia, Casimiro Calafate referiu que “Cacia está hoje servida de infraestruturas para, em termos aceitáveis, proporcionar uma qualidade de vida aos seus habitantes. Cacia é uma das melhores freguesias deste Concelho de Aveiro para viver, onde o emprego e a sua sustentabilidade, induzem uma segurança na sua qualidade de vida.
Tem esta freguesia uma vasta área do Baixo Vouga que permite o usufruto de uma biodiversidade ambiental única, no município de Aveiro. Os percursos pedestres em fase de implementação, que no seu conjunto perfazem mais de catorze quilómetros e que devem ser visitados e explorados, e para os quais ficam desde já convidados. Esta é diversidade que Cacia oferece a quem quiser usufruir.
A freguesia de Cacia dispõe de uma rede de apoio social que, apesar da grave crise em que nos encontramos, tem permitido manter uma razoável coesão social, e conta com a ação e o trabalho de cinco associações desportivas e quatro culturais, apoiadas pela Junta de Freguesia, que dão à comunidade caciense, aos jovens e menos jovens, a possibilidade de praticarem a atividade que mais desejam”.
No entanto, o Presidente da Junta de Cacia não deixou de focar alguns constrangimentos que urge resolver na comunidade: “o novo centro de saúde, o novo centro educativo, uma forte melhoria na rede viária, a resolução do grave problema ambiental e estrutural do rio Vouga e das suas margens, e resolver, se uma vez, a desgraça e o roubo de que Cacia foi vitima provocado pelas novas portagens na A25 entre Angeja e Aveiro”.
Casimiro Calafate invocou ainda a história de uma das freguesias mais antigas do Concelho de Aveiro. A sua primeira referência data de 1096, facto que levou a que Alberto Souto, em 1952, a tenha apelidado de “a avozinha de Aveiro”. Mas outros dados marcam o percurso histórico de Cacia: em outubro de 1813 iniciou-se a abertura do Rio Novo do Príncipe; em 1836 a Freguesia de Cacia deixou de pertencer ao Concelho de Esgueira para integrar o Concelho de Aveiro; em 1898 iniciou-se a construção da ponte de caminho de ferro sobre o Vouga; em 1906 foi criada a estação da CP de Cacia; em 1908 foi inaugurada a primeira escola oficial em Cacia; em 1915 iniciou-se a publicação do Jornal “Ecos de Cacia”, uma das publicações mais antigas do país e que é um grande defensor de Cacia, de Aveiro e do Baixo Vouga.
Além destes factos, relevo para a importância que a água (Rio Vouga e Rio Novo do Príncipe) tem nesta comunidade: já a 3 de novembro de 1952 um grupo alargado de aveirenses solicitou ao Governo Civil da altura que diligenciasse junto do Governo a construção de uma pista de remo no rio Novo do Príncipe.
Em julho de 1953 a antiga Companhia Portuguesa de Celulosa iniciou a sua laboração e em novembro de 1962 a Câmara Municipal de Aveiro aprovou a sua participação na aquisição de terrenos para a construção da fábrica de automóveis portuguesas, anterior FAP, hoje Renault.
A exposição está patente até ao final dos trabalhos da sessão Ordinária de fevereiro da Assembleia Municipal de Aveiro, perspetivando-se a sua conclusão no dia 14 de março. A entrada é livre.